terça-feira, junho 26

Aluísio Mendes é um moleque "afirma o Deputado Raimundo Curtrim"


O deputado Raimundo Cutrim (PSD), em inflamado discurso nesta manhã de terça-feira (26), acusou o secretário de Segurança, Aluísio Mendes, de ter “preparado” o pistoleiro executor do jornalista Décio Sá para envolvê-lo na trama assassina.

“Não aceito o que esse moleque travestido de secretário quer fazer comigo, isso é uma falta de respeito”, discursou em tom nervoso para um plenário atento e silencioso ouvir várias vezes o parlamentar proferir palavrões para pedir que seja investigado e se colocar à disposição da comissão de delegados que está comandando o inquérito.

Veja o pronunciamento na íntegra do Deputado Estadual Raimundo Cutrim

sobre o seu envolvimento na morte do jornalista Décio Sá

Abaixo, a transcrição na íntegra do discurso criticando duramente e acusando o Secretário de Segurança Aluísio Mendes, de envolve-lo através do depoimento de Jonatahn de Sousa, no homicídio que vitimou o jornalista e blogueiro Décio Sá. Cutrim, hoje numa sigla partidária liderada pelo Ministro das Minas e Energia Edson Lobão, chamou Aluísio Mendes de moleque e despreparado para responder pela Secretaria de Segurança Pública. O pronunciamento vai agora para o Diário Oficial da Assembléia Legislativa do Maranhão.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM (sem revisão do orador) - Senhor presidente, senhores deputados, imprensa, internautas. Eu estou acompanhando esses fatos divulgados na imprensa e, como deputado, como profissional, tinha que prestar alguns esclarecimentos. Nesse imbróglio todo eu estou ouvindo atentamente, calado, mas não sou homem de ficar acuado, nem de mandar recado e nem de mandar fazer. O Cutrim é homem que faz e não tem medo de cara de homem! Eu não sou homem de mandar fazer e o Estado me conhece e agora vem um moleque travestido de secretário querer me desmoralizar, eu não aceito isto! Esta molecagem que estão querendo fazer comigo. Eu não aceito um moleque travestido de secretário vir querer me desmoralizar. Eu sou homem que tem uma carreira não só no Maranhão, mas no Brasil todo e tenho serviço prestado. Eu sou homem que tenho mais de 200 comendas na minha folha de serviços prestados. Prestei serviço à Polícia Federal há muitos anos, não tenho sequer uma punição. Eu fui um dos delegados que mais trabalhou, fui um dos melhores delegados do Brasil. Prestei serviço no Brasil todo e aonde cheguei fui respeitado e por isso exijo respeito da imprensa, da população e as pessoas que não me conhecem ficam com gracinha para cima de mim. Eu ouvi agora o Deputado Nota Dez falar que vão abrir o caso do Bertin. Pode abrir, rapaz! Eu sempre busquei a verdade. Sempre busquei a coisa correta. Por onde passei formei esses delegados todos sempre em busca da verdade, em busca da aplicação da lei. Como é que depois de quase 60 anos vou virar bandido, me respeitem! Eu sou um homem de bem! Não aceito essa brincadeira que esse moleque travestido de secretário vem querer aplicar pra cima da população do Estado do Maranhão. Meus amigos, eu estava olhando aqui a entrevista que o papagaio foi o mais ensaiado. Eu não estou dizendo que foi a Comissão de Delegados, mas ele já foi ensaiado. E eu, polícia antiga, eu tenho um nome a zelar, meus amigos. Se esse rapaz tem problema, o Júnior Bolinha, é problema dele. Minhas amizades eu faço com quem eu quiser. Eu não posso é ser conivente com quem quer que seja. Aqui tem um negócio de dizer: ‘fulano de tal tem um problema’. E todo mundo sai correndo como se a pessoa fosse um leproso, que negócio é esse? As minhas amizades faço eu. Eu não posso ser conivente com bandido, porque eu passei a vida toda prendendo bandido por onde eu passei no Brasil. Agora ensaiar um papagaio e jogar pra cima do Cutrim! Ainda tem alguns que acham, ficam duvidando: ‘será que Cutrim fez?’ Isso é uma falta de respeito, rapaz! Isso é uma falta de respeito comigo, com a minha história de vida. Cutrim tem uma história de trabalho, uma folha de serviço prestado no Brasil, não só aqui no Maranhão. Por onde passei na vida foi prestando esse trabalho. Agora vem um moleque travestido de secretário querer me desmoralizar, um importado desse. Aí vi sexta-feira aqui ele dando entrevista: ‘não, mas é porque tem isso e aquilo, é porque tem escuta’ que p... de escuta? Eu sou moleque de recado? Que p... de escuta o quê! Eu falo o que eu quero no telefone, não tenho nada a temer. Meu telefone eu tenho muitos anos e falo o que acho que devo falar. Se eu disser que eu não gosto de ti, eu digo é pra ti, não vou mandar recado. Eu não sou homem de mandar fazer nada, se eu tivesse algum problema com Décio Sá resolveria de homem pra homem. Iria resolver de homem pra homem! Era na porrada, era na bala, era de qualquer jeito, mas eu mandar? Mandar, submisso? Quem manda é covarde, não tem coragem, rapaz! O Cutrim é macho e não manda ninguém. Não tira satisfação, quem quiser resolva de macho pra macho. Agora de estar mandando recado, isso é uma molecagem, rapaz, vir um moleque desse querer me desmoralizar, que isso não tem condições de ser nem faxineiro, quanto mais secretário e vir querer achar que sou o quê? Aí eu fiquei, evidentemente, que na primeira você fica, toma um choque, aí vem: ‘não, foi o Cutrim, um Cutrim’. Aí depois vem joga na imprensa pra querer ir me desgastando e eu fiquei, evidentemente, quinta-feira, dia 21, qualquer pessoa ficaria, qualquer ser humano que toma um choque, fiquei: Cutrim envolvido com o crime do Décio Sá? Olhem a motivação? Eu não quero ser secretário, porque já fui tudo que um homem pode ser na vida. Eu já fui homem que teve mais poder na Polícia Federal no Brasil. As melhores operações foi o Cutrim que fez. Eu não quero ser secretário p... nenhuma. Pra que eu quero ser secretário de Segurança? Aí fica: ‘oh, que o Cutrim quer ser secretário’. Mas pra quê? Pra quê quero ser secretário? O governo escolhe quem ele quiser, rapaz. Eu não quero ser secretário de nada. Eu sou um homem que não devo nada a ninguém, eu não posso estar escondido e gente me olhando por detrás como se eu fosse bandido. Eu desafio um aí pra provar o que quiser, montem a história de vocês. Porque a verdade ela aparece, a verdade aparece ali e não venham me crucificar! Ainda vem uns palhaços dizer: ‘vamos refazer o de Bertin’. Manda fazer essa p... lá que está do jeito que está. Que Cutrim faz, manda fazer e fica fiscalizando. Manda ver o de Hassan, manda ver o do Luizinho lá de São Bento, porque eu não posso é ser e querer ficar. Aí olhava há pouco os colegas aqui falando... É que o Cutrim, e eu ouvia atentamente aqui a fala do deputado César Pires, do deputado Marcelo Tavares, a do presidente que ficou na posição neutra. Outros ficaram achando será que é, será que não é, será que Cutrim está envolvido mesmo?

O SENHOR PRESIDENTE DEPUTADO ARNALDO MELO – Deputado Cutrim.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Só um minuto, presidente. Já vamos concluir.

O SENHOR PRESIDENTE DEPUTADO ARNALDO MELO – Deputado Cutrim, V.Exa. está falando que o presidente ficou neutro. Fui eu?

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Não, eu estou dizendo que, quando falou no jornal, que eu olhei, ficou numa posição de magistrado que é a sua posição de presidente da Casa. Aquela era sua posição.

O SENHOR PRESIDENTE DEPUTADO ARNALDO MELO – E sempre disse que não acredito que V.Exa esteja envolvido nisso, até que se prove o contrário.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Ontem eu conversei com o presidente que me chamou e disse: “Cutrim...” e conversou. Eu disse: “Presidente, V.Exa pode meter a mão, o corpo, a cabeça, tudo o que quiser que o Cutrim jamais envergonharia esta Casa, a minha família, meus amigos”. Cutrim tem história, eu tenho uma história de luta. Quando eu vim do interior com doze, treze anos, eu era camelô ali no Mercado Central, de carregar caixa na cabeça. Depois dessa história toda, o Cutrim vai se envolver num crime desses que parece de trapalhão com toda história, que é um negócio que quem vê... Eu não quero saber se ele falou a verdade, isso é problema dele lá, agora vim para cima de mim. Vejam bem, que a ousadia foi tão grande, que eu só vou ler uns trechos para vocês. Diziam o seguinte: perguntado que pessoas são essas que o Júnior Bolinha teria tratado no momento do acerto da morte do Décio Sá. Assim se manifestou: “ele disse que pessoas eram essas?”. E que o serviço tinha partido de Raimundo Cutrim. Eu pergunto a vocês: quem me chama de Raimundo Cutrim? Eu não conheço uma pessoa no Maranhão que me chame de Raimundo Cutrim. Eu não conheço até hoje ninguém me chamou de Raimundo Cutrim. Eles me conhecem como doutor Cutrim e como secretário por causa dos 11 anos de secretaria é que eles falam, mas nunca uma pessoa me chamou de Raimundo Cutrim. Eu não conheço ninguém que tenha me chamado de Raimundo Cutrim. Eu não tenho qualquer lembrança disso. Não conheço! Aí o papagaio já foi desensaiado, gente, perguntado que Raimundo Cutrim era esse? “É o deputado?”. Já foi dizendo que é o deputado. “Que Raimundo Cutrim é esse?”. “É o deputado?”. Veja bem: “É o deputado?”. Assim se manifestou. Justamente em que era para ele o serviço que seria capitão, que teria ligação direta com o capitão, devia ser com ele. Ora, minha gente, o capital Fábio, se eu olhar ele à paisana, eu não conheço! Vocês sabem que eu fui secretário por mais de 10 anos e conheço toda a corporação da Polícia Militar e da Polícia Civil, mas com esse capitão eu nunca tive contato e, se tive, eu não lembro, nem telefônico e nem pessoal. Esse capitão é um dos poucos que eu não conheço e com quem eu nunca tive contato. Nunca nem vi. Se eu olhar ele à paisana, eu não vou nem saber quem é, quer dizer que intermediário o capitão, que teria falado comigo uma pessoa que eu nem conheço. Veja bem, isso aqui disseram: o capitão é amigo do Bolinha e o Bolinha é ligado ao Cutrim, profissionalmente. E aí com o Bola, que o capitão que intermediou. Veja bem o absurdo aqui: “justamente que era para ele o serviço e que seria capitão e teria ligação direta com ele”. Deveria ser comigo, ou com o capitão. Ficou meio truncado. “A certeza que tenho, pois, era o capitão que recebia o dinheiro do mandante, que era meu, e repassava ao Júnior Bolinha, haja vista que juntamente com o capitão são amigos desde infância, o Júnior Bolinha com o capitão”. Perguntado como se deu a relação de Décio Sá e o serviço feito... Não me interessa. Veja bem aqui, em outro trecho na página 05, só anotem isso, anotem isso, minha gente. “Perguntado se Júnior Bolinha falou quem seriam os mandantes, assim respondeu: comentar diretamente ele não comentou, ele falou por alto que seria o Cutrim e o outro que tinha sido o mesmo que tinha mandado matar o Fábio Brasil. O Gláucio, esse seria um dos mandantes e que tinha contratado o serviço pelo capitão e o capitão tinha repassado ao Júnior Bolinha”. Vejam que as coisas foram tão mal feitas, tão nojento e tão vergonhoso, que a pessoa joga na parede e fica um negócio sem pé e nem cabeça. “Perguntado se tem polícia envolvida na morte do Décio, assim respondeu, isso é lá na frente, na página 05, tem esse polícia, o capitão, aí tem um tal de Bochecha, que eu não conheço, tem o Gláucio, e esse Cutrim, sendo que esse Cutrim é citado pelo Júnior Bolinha como sendo o principal mandante da morte de Décio”. Meus amigos, isso aqui é um negócio sério, é um negócio tão estarrecedor, que eu passei sexta-feira na hora em que eu ouvi aquele depoimento daquele moleque travestido de Secretário na Rádio Mirante, no horário de Roberto Fernando, dizendo: não, mas é porque tem outros depoimentos, é porque tem gravação. Gravação de quê meu amigo? Eu não tenho rabo de palha. O Antônio Pereira me liga, Raimundo Louro me liga, o Milhomem me liga, eu vou falar de crime ou de bandidagem se não sou bandido? Eu falo o que penso e se tem alguma gravação minha falando sobre Décio Sá iam prender o Maranhão todo, que cada um dos senhores que falou da morte de Décio Sá, aqui todos nós falamos, cada um tem sua opinião, cada um de nós tem uma opinião diferente, aqui todos nós falamos no telefone com milhares de pessoas: olha mataram o Décio Sá e aí o que foi? Será que foi isso? Será que foi aquilo? Todos nós temos uma opinião própria. Agora porque tu conheces uma pessoa, se ele pratica um crime eu vou ser obrigado a estar conivente com o crime? Espera aí minha gente, aí é uma falta de respeito não só com Cutrim, mas com o Estado do Maranhão. Quem conhece a história do Cutrim, quem conhece de onde eu vim, aonde eu cheguei, eu tenho certeza que as pessoas de bem, ninguém acredita numa história dessas, que é uma tão infame, é tão sórdida, é tão nojenta, que a gente fica enojado de ver certos meios de comunicação falando um negócio e a gente acredita. Será que isso está ocorrendo comigo mesmo? Eu mandei um ofício ao Secretário, a uma Comissão, no que digo o seguinte: A Sua Senhoria o Senhor Delegado de Polícia Presidente da Comissão de investigação, instituída pela Portaria nº 180, isso foi dia 22, mas parece que foi entregue só segunda. O que eu digo? Assunto: Inquérito policial nº 22 de 2012. Senhor Delegado, em face do inquérito policial instaurado para apurar a morte do jornalista Décio Sá, em que se encontra citado o nome deste subescrevente por Jhonathan de Sousa Silva, conforme veiculado pela imprensa, informo a V. Senhoria que nos colocamos a inteira disposição dessa comissão para quaisquer esclarecimentos que adjugo necessário, de tal arte esclareço que abrimos mãos das prerrogativas constitucionais referentes (...) que são as prerrogativas de deputado não são minhas, é a Constituição do Estado, é a Constituição Federal quem determina as prerrogativas do Estado. (...) tal arte esclareço que abrimos mãos das prerrogativas constitucionais referentes à autorização para ser ouvido nos altos supramencionados. Então vamos fazer uma acareação, vamos fazer o negócio correto, não vai é querer enlamear meus amigos o nome de uma pessoa de bem, eu lá tenho a ver, quem primeiro aqui denunciou contra a agiotagem foi eu, aqui de uma matéria do Décio Sá, chamei aqui para a gente apurar e ninguém assinou, vamos apurar minha gente, estão dizendo que os deputados estão vendendo emendas antes de receber, eu disse: vamos apurar. Eu fui aqui o primeiro baseado no blog do Décio Sá, que ele conseguiu a informação e verbalizou quando nós colocamos as nossas emendas. Então eu tenho nome, eu tenho família, eu tenho os amigos e nós não pudemos ficar acuados, eu acuado? Eu Cutrim acuado? Com medo? De quê? Eu fui um homem que sempre combati a criminalidade, e eu em 86 era delegado de Policia Federal em Imperatriz. Quem é de Imperatriz sabe o trabalho que a Polícia Federal fez, eu no comando, que não é Cutrim, é uma equipe, naquela época que ninguém ousava sequer começar um trabalho daquele. Depois eu fui para o Piauí onde eu fiz um trabalho muito grande de combate ao crime organizado em 88 para 89, depois fui para Roraima onde eu comandei a maior operação até hoje instituída pela Polícia Federal, até hoje na História do Brasil, eu comandei aquela Operação Selva Livre, comandei mais de mil homens. Aí depois eu retornei para fazer o inquérito para presidir o inquérito da Chacina do Rachimô, que foi o primeiro inquérito no Brasil que teve genocídio, onde ali os garimpeiros mataram cerca de quinze a vinte índios. Depois eu fui para Rondônia em 92, 93, lá concluí o inquérito do Senador Olavo Pires, logo que cheguei mataram o prefeito de Imperatriz. Eu fui ajudar a fazer... Depois eu vim para o Maranhão na realidade fazer aquele trabalho dos fiéis depositários, que todo o Maranhão sabe as pessoas envolvidas e o desdobramento, todo o Maranhão sabe disso. Aí fiz esse trabalho. Aí depois eu fui convidado, porque trabalhava no Ministério Público, fui convidado em 97 para assumir o Sistema de Segurança Pública. Eu nunca tinha visto, tinha ouvido a Governadora, nem nos jornais eu conhecia, então por isso que não teve indicação política, o que eu tinha era conhecimento e que a governadora na época ligou para Brasília dizendo: Eu estou precisando de uma pessoa. E o diretor geral disse: não, vocês têm um Delegado aí no Maranhão, que tem um trabalho muito bom no Brasil e diria que preenche os requisitos. Por isso eu fui chamado e assumi e eu não posso dizer que a governadora não abraçou a causa, fez o que poucos governos faz, e a governadora durante o tempo em que eu convivi em que nós estivemos juntos, ela jamais, jamais, ela interferiu em qualquer procedimento, ela jamais pediu por alguém para prejudicar ou para fazer alguma coisa, eu conheço o perfil dela. Então, ela quer que apure e vai até o final. Então, me deu apoio, reestruturando a Polícia Civil que tinha acabado, havia 72 Delegados de carreira, reestruturamos tudo, bem como; a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e o DETRAN. Nós fizemos um trabalho grandioso e também na sonegação fiscal que eu pedi foi uma busca na época do governo e nós apreendemos ali como se diz, o miolo do sistema, e ali tendo várias pessoas envolvidas com a sonegação fiscal que o Maranhão todo sabe. Aí depois disso tudo, eu continuei no governo do Dr. José Reinaldo, que é meu amigo. Então, eu sou uma pessoa correta com as minhas coisas, eu estava aqui com a governadora depois houve uma cisão, eu não participei de cisão, continuei com o governo Dr. José Reinaldo que continuei o mesmo trabalho. Se eu assim não dissesse, eu não estava sendo correto com a minha consciência. Dr. José Reinaldo me deu todo apoio ali para que eu pudesse fazer o meu trabalho e deu, e depois houve um problema político e ele disse: Cutrim, eu estou precisando do cargo. Governador é seu, eu, de forma nenhuma, quero interferir na sua política, eu sou um profissional e sou leal onde estou, porque essa é minha formação. Saí do Governo sem mágoa, sem mácula e amigo até hoje dele, apesar de que já faz muito tempo que não o vejo. Saí, e pelo povo acabei saindo deputado e eu sem saber nem o que era política, sem nenhum vereador no interior, sem um prefeito, sem nenhuma liderança, eu tive mais de 42 mil votos. E agora governadora retornou ao Governou, ela me convidou, eu retornei, fiz o meu trabalho, dentro daquilo que era possível, com uma equipe excelente de profissionais, porque o secretário não trabalha sozinho, primeiro tem que ter comando e credibilidade e postura do cargo, tem que ter essas qualidades, aí eu sai, fiquei e saí no tempo certo e tive mais que 73 mil votos. Então, meus votos são de amigos, pessoas que conhecem o meu trabalho, conhecem minha vida. Então, Cutrim não compra voto, o Cutrim não sai em acordos espúrios por cauda de voto. Então, eu tive votos dos 217 municípios, me parece que eu tive em votos em 214, todo canto eu tenho um pouquinho, é pelo trabalho. Agora, por esse fato aí eu vejo a imprensa, ali em uma situação vergonhosa, e aí alguns; ah! O Cutrim mandou, o Cutrim fez isso. É uma falta de respeito. Então, eu exijo respeito, se não quiser com a minha pessoa, mais pelo menos meu trabalho. Agora depois vem um moleque desse e diz: vamos reabrir o caso Bertin, abra isso aí. Eu vou reabrir o caso de Hassan, abra, e eu vou reabrir de São Bento, Luizinho. Quer dizer que o Governo passou a vida toda manipulando? Que diabo de Governo é esse? Que o secretário faz o trabalho, depois sai e vai ter que reabrir? Que o secretário manipulou? Que negócio é esse? Tem que ter respeito, rapaz. Ter respeito pelo meu trabalho, pela minha história de vida. O Cutrim tem uma história de camelô a autoridade, então exijo respeito. Que as pessoas sejam decentes e procurem me respeitar. E que Cutrim não é homem de mandar, eu já disse mil vezes isso. Se eu tivesse algum problema, que eu não tinha, não tinha nenhum problema. E como não vejo blog, eu não gosto, não tenho tempo, porque eu chego aqui 7h da manhã, saio, aí eu chego em casa cansado, às vezes, 10h da noite, quando saio daqui tem um bocado de coisa minha para resolver, saio correndo, chego em casa às 22h, então não tenho tempo de ler blog. Aí existe o Facebook, aí diz: Não, Cutrim tem uma foto do Bolinha no Facebook. Eu digo: Eu não tenho, nunca mexi com Facebook. Aí eu procurei para a minha assessoria e também não é deles. Aí vem uns colegas, tire, eu tirar? Não é meu. É um eleitor, um admirador que fez Facebook que tire. Eu não tenho, não tenho senha, como é que eu vou? Então, umas coisas absurdas. Hoje eu fiquei, veja bem, hoje eu fiquei pensando, sexta-feira, sábado, domingo, ninguém queira passar o que passei. Eu rezo pelos meus amigos ou inimigos, não queiram passar o que eu passei. Eu fui ao supermercado esta semana e as pessoas me olhando, ficando desconfiadas e a gente em uma situação difícil. E dedicado nesse sacerdócio, porque ser policial é ter um sacerdócio 24 horas. Eu continuo sendo delegado da Polícia Federal, porque eu não morri não! Só deixo de ser delegado quando morrer. Tenho as mesmas prerrogativas de quem está na ativa, ando armado como sempre andei. Não sai de casa, nem pra ir ao banheiro se não for com a arma e isso foi na minha vida toda, e continuo andando. Não é com uma, é com cinco ou seis, sempre foi assim a vida toda. Então, eu não sou homem de estar quebrando canto pra ninguém, nem mandando recado e nem sendo covarde, eu não sou covarde. Covarde é quem manda, é quem tem medo, não é homem para peitar as pessoas e pra dizer o que pensa. O Cutrim fala o que pensa, por isso que muitas vezes sou mal interpretado, porque falo o que vem à boca. Falo no telefone o que penso, por mim pode gravar do jeito que quiser. Eu fiz um documento dizendo que estavam usando o Guardião, que me disseram, para interceptar pessoas, aí para chantagear, eu acho. Eu disse: Eu não sei. Mas eu fiz um ofício ao Ministério Público e vamos fazer uma auditoria. E se não tiver, tudo bem, graças a Deus que o sistema do Governo Federal está sendo utilizado de maneira correta. Então, meus amigos, eu tinha que dizer isto a vocês, para o povo do estado do Maranhão, pois o Brasil todo me ligou. Recebi milhares de mensagens, de telefonemas, o pessoal de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso, do Brasil todo, de Roraima, de Rondônia, de Macapá porque trabalhou comigo 30% do efetivo da Polícia Federal mais ou menos trabalharam comigo, 20% ou 30%. Então, as pessoas ligaram ontem do Rio de Janeiro, São Paulo: ‘doutor, o que é isso?’ E só para concluir. A farsa foi tão malfeita que disseram aqui Raimundo Cutrim. O Bolinha fez um serviço pra mim no final do ano passado e não tinha aquela relação de amigo como as pessoas estão dizendo, não tinha. E ele me tratava com postura: era Doutor Cutrim ou Secretário. Ele jamais ousaria chamar de Raimundo Cutrim ou Cutrim porque ele não tinha liberdade e nem minha amizade pra isso. “Ei Cutrim”, que negócio é esse? Não sou parceiro dele, ou melhor, nem dele e nem de ninguém! Só me trata de forma correta. E ele jamais iria me tratar de Raimundo Cutrim, porque de Raimundo Cutrim eu nunca ouvi ninguém me chamar, gente! Nunca me chamaram. É só Raimundo Cutrim para o meu parente aqui o João Evangelista, mas a princípio era doutor Cutrim como todo mundo me conhece. E me chamam assim pela história do meu trabalho, já que sou advogado formado em Direito, pela minha história como delegado desde novo, desde garoto e me chamam por doutor e doutor ficou, doutor Cutrim. Aí João Evangelista disse: “Cutrim, não bota doutor que fica feio, bota Raimundo Cutrim”. Por isso que eu botei em função dele, mas na prática é doutor Cutrim, todo mundo me conhece como Doutor Cutrim. Aí João Evangelista disse: “bota Raimundo Cutrim, porque deputado tem que ser mais do povão”, e tal. Eu disse que tudo bem. Então foi assim que ficou na prática. Então, queria fazer este esclarecimento, porque eu precisava desabafar, eu precisava fazer isso porque é uma coisa tão absurda que quiseram fazer comigo, que a gente não acredita que estamos no Maranhão em pleno século XXI. Então estou aberto a tudo, vamos investigar, vamos procurar e que o Cutrim não sai desmoralizado, porque não tenho nada com isso. E não estou aqui me defendendo, porque não tenho nada. Defende-se quem alguma coisa a dever. Não estou me defendendo, mas estou dizendo que foi uma armação, tem que intervir e isso que é preciso esclarecer. Que o Ministério Público pode esclarecer, fazer umas acareações com eles para poder esclarecer. Não tem armação, como já tem outras que não quero falar aqui, que já houve em nosso Estado, que me lembro que em oitenta e pouco, em 1997 eu trabalhava no Ministério Público, aí disseram: O Madeira mandou matar uma pessoa lá em Imperatriz. Armaram isso. Eu trabalhei em Imperatriz, nunca tive contrato com o Madeira. Aí fui à imprensa, na época, e disse: Conheço o prefeito lá de Imperatriz, o Madeira, e ele não é homem para matar ninguém. Eu nunca tive inimizade, nem antes e nem depois, e fui. É uma pessoa correta, vi que era uma armação política. Podem ver que está aí nos Anais dos jornais e fiz essa defesa, porque eu sabia que era armação. Então, meu amigos, o Cutrim está aberto. Não estou me defendendo e não tenho que me defender, mas exijo que as pessoas me respeitem. E se não quiser respeitar este caboclo velho do interior, respeite meu passado, a minha história de vida. Porque sou um homem que trabalhou para essa polícia de manhã, de tarde e de noite, não tinha hora. Eu sacrifiquei a minha vida pessoal e profissional e da minha família na Secretaria de Segurança e eu chegava, às 05h30 da manhã, já estava lá, e saia, às 10h da noite, de domingo a domingo, trabalhando por este Estado. E eu fazia porque eu queria, eu não faço nada para aparecer, pois quando abracei a causa de ser deputado decidi honrar cada voto que me deram, cada voto do povo do Estado. Então, abraço a causa, como faço como deputado e por onde eu passei faço a mesma coisa.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Permita-me um aparte, deputado?

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Pois não.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ (aparte) - Deputado Cutrim, estou ouvindo atentamente a sua explicação. V.Exª. disse que não vai se defender, mas até, me desculpe discorda, acho que todo mundo tem o direito de defesa. Nunca acreditei nessa história e é lamentável que isso tudo esteja acontecendo, mas existe a necessidade de uma ampla investigação porque houve um assassinato, aliás, vários assassinatos, e mais recentemente o do jornalista Décio Sá. O trabalho do jornalista, dos blogueiros, não é de investigação, mas um trabalho de informação. Quando eles sabem de alguma notícia, eles informam porque a população precisa saber o que está acontecendo na sua cidade, no seu estado e no seu país e, portanto, eles dão uma grande contribuição para que a população tome conhecimento. A partir daí, quando é um caso que precisa que providências sejam tomadas, vai-se à Justiça, à Polícia, Procuradoria, Ministério, enfim, a todos aqueles que precisam botar ordem no estado como um todo. Então, eu acho que tem de ser investigado, tem que encontrar quem assassinou o jornalista Décio Sá, para que, deputado Cutrim, os outros jornalistas que fazem esse trabalho e que se preocupam em dar as informações para a população acerca do estado e do país não fiquem amordaçados e amedrontados. Se não for descoberto o assassino do Décio Sá, isso poderá ser como já aconteceu e está acontecendo no país com outros assassinatos de jornalistas que justamente fazem esse trabalho e informam a população dos acontecimentos, quer dizer, vai terminar sendo uma constante o jornalista informar uma coisa e acabar sendo morto.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Deputada, eu não disse aqui, em nenhum momento, que não deve ser investigado. Acho que V. Exa não entendeu o que falei.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Eu estou entendendo.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Eu quero que seja investigado. O que eu estou dizendo é a farsa para querer atingir o Cutrim. É isso que eu estou falando.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Eu sei quanto a isso. Eu falei no início, deputado, quando o senhor me deu um aparte. Por favor, estou concluindo.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM - Veja bem, a pessoa mais interessada em esclarecer sou eu.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Claro!

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Eu passei a vida toda fazendo isso, desde jovem. Eu passei a vida toda fazendo.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Justamente era isso que ia terminar falando.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Mas sempre buscando a verdade.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Eu ia terminar falando. Como V.Exa é uma pessoa que já foi secretário não só aqui como acabou de dizer sua história de vida, eu acho que deveria estar incluído, dentro desse processo todo, para ajudar a desvendar esses casos de assassinatos, principalmente o do nosso jornalista Décio Sá. Obrigada, deputado.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Deputada, eu tenho costume. Veja bem, quando eu faço um trabalho, isso externamente, eu fiz um inquérito policial, tal. Quando eu saio, aquilo eu passo uma borracha na mente. Então saí da Secretaria e só quero orar e torcer para que as pessoas que trabalharam comigo tenham sucesso. Eu nunca liguei para ninguém, porque eu não preciso de favor de delegado, porque são meus amigos todos. Hoje a polícia não faz nada a ninguém. Se for aquilo, eu falo com um advogado. Então eu quero que as coisas fluam para quando eu sair do Ministério Público... Quando eu saí da Polícia Federal, eu não vou nem lá, meus amigos estão lá. Então, quando resolvi me aposentar foi porque eu não queria mais ficar. Mas as amizades estão ali. Recebi mais ou menos a visita de mais de 50 colegas meus da Polícia Federal, além de ligações milhares no Brasil. Uma pessoa em sã consciência jamais acreditaria em um absurdo desses, em um negócio tão maquiavélico, tão nojento, tão imundo que eu me recuso até a ficar lendo um negócio mal feito.

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA - Deputado Cutrim, deputado Carlos Alberto Milhomem tinha pedido um aparte e se ele quiser ainda se pronunciar.

O SENHOR PRESIDENTE DEPUTADO ARNALDO MELO - Eu quero comunicar aos deputados que o tempo regimental do deputado Cutrim venceu. Então V.Exa. faça o aparte e em seguida, deputado, V.Exa. encerra o pronunciamento, por gentileza.

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA (aparte) - Obrigado, deputado Cutrim. Eu ouvi atentamente ao pronunciamento de V.Exa. Liguei para V.Exa., quando estava em Pinheiro, para me solidarizar e faço a mesma coisa agora, aqui na Assembleia, em público e me solidarizo com V.Exa. Conheço a sua história de vida, de onde V.Exa. saiu e aonde V.Exa chegou. O sistema de segurança tem que tomar muito cuidado quando ouvir de um assassino, de um bandido porque a gente não sabe o que está se passando, no momento, lá dentro do sistema de segurança e o que ele fala. E propagar uma coisa sem indício algum do envolvimento de V.Exa., como V.Exa bem colocou, neste absurdo de que estão lhe acusando. De fato, V.Exa não tem do que se defender. V.Exa. faz um pronunciamento aqui apenas para esclarecer o que estão tentando fazer, colocando o senhor como culpado de algo absurdo. Tanto eu como a minha família lhe colocamos isso e coloco novamente em público. Tanto eu como a minha família ficamos solidários a V.Exa., pois não acreditamos no que estão tentando colocar, sujando o seu nome e sua história de vida vai totalmente no inverso do que estão tentando pregar. Mas tenha paciência, eu acho que a verdade sempre vem à tona. Ela pode vir tarde, mas sempre vem à tona. V.Exa. vai ter o seu nome limpo de tudo isso que estão colocando sobre V.Exa. É só aguardar que a verdade chegará, deputado. Obrigado.

O SENHOR DEPUTADO RAIMUNDO CUTRIM – Senhor presidente, estas são as considerações que eu tinha que fazer. Eu tinha que dar satisfação à minha família, aos amigos, aos colegas deputados, ao povo do meu Estado, porque eu estava numa situação... Não falei nada para ninguém, não anotei nada, falei aquilo que pensei com o coração. Então a pessoa mais interessada nos esclarecimentos sou eu. Evidentemente que a família do Décio também está correndo atrás para esclarecer, e eu sou uma das pessoas mais interessadas e estarei à disposição, agora só não aceito a maneira como foi. Ensaiaram o papagaio, mas não ensaiaram bem. Eu quero que o Ministério Público acompanhe e no final esclareça porque eu estarei aqui. Vamos aguardar. O Cutrim é como estou dizendo, isto é, tem uma história de vida e a população me conhece.

O SENHOR PRESIDENTE DEPUTADO ARNALDO MELO - Senhores deputados, V.Exas. conhecem a nossa conduta e a forma de administrar esta Casa, portanto, cumpro a obrigação de comunicar a V.Exa. um assunto que não seria comunicado hoje. A Presidência acionou a Procuradoria da Casa com toda sua estrutura jurídica e entramos em contato com o secretário de Segurança na sexta-feira. Ontem ele estava em Brasília e ficou de hoje ter um encontro conosco. A Assembleia está posicionada para que este inquérito transcorra sigilosamente, sob pena de nós termos que convocar os secretários para cá. A Comissão de Ética vai ter que ser acionada para investigar alguns colegas aqui, mas, como presidente da Casa, eu não farei isso enquanto não tivermos concluído algo contra qualquer membro desta Casa. Isto que está acontecendo no Maranhão é muito grave. Do momento da madrugada em que começaram a prender os suspeitos, começou-se também a falar que não sei quantos deputados estavam envolvidos e a mídia colocando nome de vários colegas nossos ou insinuando. Somos personagens conhecidos na cidade e as insinuações de jornais, de rádio, televisão e blogs identificam as pessoas e isto é muito ruim para nós. Temos feito esse trabalho silencioso, a nossa procuradora Ana Maria Dias Vieira está concluindo a nossa proposta, e a Casa silenciosamente vai agir. Nós vamos tomar uma posição enérgica em defesa desta Assembleia. Deputado Cutrim, V.Exa. pode ter certeza da nossa convicção acerca da sua inocência e compreendemos a sua indignação nesse pronunciamento, porém, a investigação deverá continuar e ir a fundo, porque o sistema, o aparelho de segurança do Maranhão sempre contou com o apoio desta Casa. A Assembleia Legislativa dá todo o apoio ao aparelho de segurança do Estado para que investigue e se esclareçam as coisas, porém, não podemos permitir que nomes de membros desta Casa sejam pelo menos insinuações colocadas na mídia. Acho que nós temos que dar medida, e eu conto com o apoio dos deputados para esta medida que a Assembleia vai tomar.
Informações: Jorge Vieira e Jânio Arlei.

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